Ode à mediocridade
Celebro a mim mesmo!
Exalto minha Futilidade,
minha Ignorância em
reconhecer intertextualidades,
minha Incapacidade de
observar o implícito!
Vida à gordura, à
adiposidade cerebral, ao pensamento inútil!
Viva ao fragmento, ao culto
da banalidade, ao prazer irregulado.
Mais e mais elogios ao
pensamento pragmático, ao jeitinho e à safada esperteza invisível.
Canto, ó musa, a glória da
minha constante acomodação, da minha estreiteza de espírito, das minhas obstinadas
incertezas sempre infundadas!
Exalto esta competente
falta de amadurecimento emocional e intelectual, esta porta sempre fechada à
contrubuição alheia.
Bem-aventurados os pobres
de empatia, os que não tem fome de justiça e verdade, aqueles que são distraídos
com a própria vida.
Bem-aventuradas todas as
incompreensões que distanciam e que condenam prematuramente!
Vamos alegrar a estupidez
humana, a estupidez em todas as monções.
Façamos luz para novas
rebeldias irrefletidas ou mais luz para venerarmos o grotesco.
Deixemos de entender a
ironia, a paródia e a crítica, para continuarmos adormecidos em nossas
ignorantes certezas,
Deixemos de entender a ironia,
a paródia e a crítica; simplesmente abandonemos as palavras, os textos, a
reflexão, o autoconhecimento, a transformação.
Se beber, não leia; se
comer, não leia; se viver, não pense muito.
Não ligue, não mude, não
tente.
Celebremos assim nossas
distâncias!
Ode à mediocridade que nos
reúne, ao desrespeito que nos anima! Ignoremos a poesia, a filosofia, a
história, aos sacrificantes e tediosos estudos.
Ódio, ódio, ódio
nestes versos que mentem
para dizer velhas verdades.