terça-feira, 1 de maio de 2012


Ode à mediocridade

Celebro a mim mesmo!
Exalto minha Futilidade,
minha Ignorância em reconhecer intertextualidades,
minha Incapacidade de observar o implícito!

Vida à gordura, à adiposidade cerebral, ao pensamento inútil!
Viva ao fragmento, ao culto da banalidade, ao prazer irregulado.
Mais e mais elogios ao pensamento pragmático, ao jeitinho e à safada esperteza invisível.


Canto, ó musa, a glória da minha constante acomodação, da minha estreiteza de espírito, das minhas obstinadas incertezas sempre infundadas!
Exalto esta competente falta de amadurecimento emocional e intelectual, esta porta sempre fechada à contrubuição alheia.

Bem-aventurados os pobres de empatia, os que não tem fome de justiça e verdade, aqueles que são distraídos com a própria vida.
Bem-aventuradas todas as incompreensões que distanciam e que condenam prematuramente!

Vamos alegrar a estupidez humana, a estupidez em todas as monções.
Façamos luz para novas rebeldias irrefletidas ou mais luz para venerarmos o grotesco.



Deixemos de entender a ironia, a paródia e a crítica, para continuarmos adormecidos em nossas ignorantes certezas,
Deixemos de entender a ironia, a paródia e a crítica; simplesmente abandonemos as palavras, os textos, a reflexão, o autoconhecimento, a transformação.

Se beber, não leia; se comer, não leia; se viver, não pense muito.
Não ligue, não mude, não tente.

Celebremos assim nossas distâncias!
Ode à mediocridade que nos reúne, ao desrespeito que nos anima! Ignoremos a poesia, a filosofia, a história, aos sacrificantes e tediosos estudos.
Ódio, ódio, ódio
nestes versos que mentem para dizer velhas verdades.