quarta-feira, 11 de maio de 2016


O abismo
 
Não estamos sós
Quando avistamos
o abismo.

Nem mesmo
Abandonados na Desrazão
Do Precipício.

Envolvidos no fosso
Que assombra
As terríveis pegadas...

Isolados e pesados
Pelo vazio do
Do Desconhecido...

A dois passos
Do esquecimento
E do eterno silêncio...

Precipitados nas incertezas
Que nos fazem
Gritar e gritar...

Até que o choro

Inunde a escuridão
De nossas mentirosas Verdades.

E que a vida diga
Sim ao caminho
Não trilhado.

Para que o abismo
Veja a luz de nosso olhar
Adormecido.

E este nosso coração
Agrida o ruído
Que nos faz ruir...

Verdadeiramente
Não estamos sozinhos
Neste nosso abismo...

Se a vida que ainda
Queremos ainda está
No novo impulso

No misterioso impulso
Que nem o abismo – nem o abismo!

Pode aniquilar.

Huddie



O que nos resta?

O que nos resta senão
a insistente resistência de um
pouco a mais?
Nos restos que a humanidade
Lança aos que pouco têm
No rastro da incerteza em
Nosso corpo tolo e doentio
O que nos resta senão a esperança
pelo movimento a mais?

Respostas por demais pequenas
Retalhos de ilusórias alegrias
Repetições impensadas de muitas Histórias
Nossa vida retirada pela natural soberania
Nossa estada em destinados percursos
Somos réus de uma insana biologia
Capazes de amar e servir
Inimigo do próximo e da próxima escolha
Corpos enfermos em busca de feliz-idade.

O que nos resta senão sentir?
A dor, o amor, o estupor, a flor
A intensa necessidade de sorrir
Nos restos que nos abraçam
À procura de novos ou antigos sentidos
Na loucura de ser algo maior
do que um acidente.
O que nos resta se não...?

hsbrush

Um dia

Um dia você compreenderá o dia
Saberá que o pouco que nos sustenta
é fartura de muitos outros
Entenderá que o sonho pode ser
Apenas um simples calmante.
E verá sorrindo ricos horizontes
que não se alcançam.

Então eu lhe direi como sobrevivo,
por qual razão eu ainda sobrevivo.
Por isso lhe contarei que a História sempre
Se faz com antigos absurdos.
Por isso lhe contarei novas e ignoradas histórias
E certamente choraremos juntos
em novos porquês.



Um dia você compreenderá a noite
Conhecerá pela dor a doce face da maldade
E encontrará novas pessoas, belas e vis,
testemunhando no inesperado
a escuridão da indesejada falta
Homens que insistirão que nunca
poderemos ser.

Então eu lhe direi que sempre precisaremos
lembrar as coisas boas pelas quais existimos.
Por isso lhe direi que o que faço e refaço
para resistir à sede ou para superar o vazio.
E verdadeiramente seremos
mais humanos do nunca
nesse grande dia de sentimentos e revoluções.