Vivemos em tempos de distâncias, distâncias pronominais.
Um toque, uma suspeita; uma palavra, múltiplos desvios.
O que antes aproximava, agora é silêncio.
Em lugar do cuidado, ausência e desprezo.
Vivemos na passagem e quase tudo é esquecimento.
Não há mais o dia, a palavra, o momento:
em tempos de pressa, não se pode guardar nada.
O que não se esquece? O dia errado, a palavra errada...
Vivemos na surdez do entendimento.
O que importa é não se importar:
Só escuto o que quero, só conheço o que quero.
Nem eu, nem você, tampouco nós (ele? ela?)
O que resta é o vazio da distância e
Esta nossa capacidade de fabricar ausências.
Somos pronomes que se apagam mutuamente.
Hudson dos Santos Barros.
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