Vivemos nas distâncias. Essa assertiva é uma constatação empírica do mundo em que habitamos atualmente. É a partir dessa evidência que este blog tem sua razão de ser. Mas este espaço não será um diário onde serão postados acontecimentos específicos ligado ao tema da distância. Mais do que um relato de acontecimentos, este será um espaço do pensamento reflexivo, da troca e da emoção. Pretendo construir alguns versos que manifestem as variadas formas de distância. Acredito na pertinência do tema, na urgência de repensá-lo.
Vivemos nas distâncias. Em um mundo onde a comunicação se torna cada vez mais imperativa (trata-se de um percurso irrevogável) e onde a velocidade da rede impulsiona uma diversidade de novas linguagens, um ser humano longe do outro e de si se destaca. Novas formas de distância parecem ser criadas a cada segundo; a linguagem, o egocentrismo, a ausência, a desrazão, enfim, múltiplos sistemas de contratroca são gerados sob a aparência da conjunção. Estar com não é o mesmo que ser com. O outro, portanto, se apresenta a nós como uma peça em nossa engrenagem; e na velocidade das obrigações, vivemos sem saber conviver. No espaço compartilhado, pessoas se comunicam, se conhecem, riem, se estimam. Mas esse espaço é apenas passagem, é somente um lugar em meio a muitos outros. Escutar? Compreender? Preocupar-se com? Ligar? Compartilhar? O “com” torna-se um detalhe e a convivência um fardo necessário. Quem é o outro? Não sou “eu”, não é “você”, não é “ele”: no ritmo das novas distâncias, o outro simplesmente não é.
Vivemos nas distâncias. Essa é a realidade que gerou e impulsionará os textos aqui postados. As linhas aqui escritas têm a vocação da provocação. Quero provocar o pensamento, as emoções e a troca. Desejo que cada texto seja motivação para outros escritos (outros gêneros). Escolhi o verso, mas não me considero preso a ele. Tampouco quero isso do leitor. No vigor da linguagem, almejo lançar-me à procura da aproximação. Sem ilusões, é claro. No entanto, não objetivo me lançar sozinho: ao acenar o caminho, convido o leitor a se aproximar. Por isso, leitor, você está convocado a escrever também. Minha proposta: distâncias. Meu e-mail: hsbrush@gmail.com. Minhas saudações: bem-vindo!
Distâncias pronominais. Uma constação, uma evidência empírica. Mas que essas distâncias sejam amainadas (afirmo sem ilusão: elas nunca cessarão) no vigor da linguagem, na vontade de redimensionar modos de pensar e sentir. Que estas páginas virtuais cumpram seu papel de resignificar mundos sem impor condições. Que a palavra flua e seja e se reconstrua.
Por fim, agradeço imensamente a meus amigos Fábio e Jéssica. Sem eles, este blog não seria possível. Eles são os arquitetos, os administradores, os motivadores. São uma descoberta que me fazem crer ainda mais que amizade e convivência são valores que valem ser preservados com dedicação. Muito obrigado!
Hudson dos Santos Barros
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