terça-feira, 22 de dezembro de 2009



A mulher invisível

A mulher invisível parece não ter sentimento.
Ninguém existe para ela porque ela só existe para si.
Ela caminha numa realidade particular: tudo é apenas passagem,
todos são sombras e ainda sim obstáculos.

A mulher invisível somente vê o seu destino.
Seu impulso? O desejo. Sua voz? Manipulação.
Sua arte? Saber ser invisível para saber viver.
O outro? Uma peça. A vida? Um constante fazer
sem sentido, sem aplauso, só o inquestionável
dever de seguir invisível...



Elegendo alguns, ela tenta se mostrar
Uma pessoa comum, interessada e interessante.
Excluindo muitos, ela realmente manifesta:
sua arte é fria e calculista, sua arte é a distância na presença.
O futuro? Continuar invisível, deletar, ocultar nomes,
desejar, impor, manipular até

inesperadamente (na astúcia da vida) terminar
invisível e só.
E quando pensar que tudo está sob controle...
E se algum dia ela quiser existir, não haverá
mais nada, não haverá ninguém.
A mulher invisível não existirá nem para si.

Hsb

Nenhum comentário:

Postar um comentário