Querida verdade,
lhe escrevo
para expressar minha obstinada insatisfação.
Por devotos
tempos, eu lhe buscava continuamente,
resistindo
ao inverso em prol de seus belos princípios.
Confiando em
seu valor, releguei muito prazeres,
desisti de
inúmeros sucessos.
Tudo isso em
vista da felicidade certa, da certeza
de uma
íntegra integrada vida.
Se por vezes
errava, não era pela falta de desejo.
Se por vezes
me afastava, não era por desprezo.
Sou humano
e, por isso, sofro com as pressões deste
abominável
mundo.
Você nunca
esteve fora de meu pensamento,
Jamais
esteve ausente de minha vontade.
Ainda que
vacilante, eu era seu fiel seguidor, uma vida
capaz de ser
mais do que a medíocre sobrevivência.
Mas os
tempos mudaram.
Hoje vejo
gente baixa e sem princípio vivendo sob a
pele de
minha felicidade.
Hoje me vejo
cético e indiferente por suas sucessivas contradições.
Estou
cansado de seguir seus princípios e me sentir sozinho,
testemunhando
com horror a vitória do inverso. Frequentemente.
Me sinto
triste por causa de tanto tempo perdido em troca
do
desengano.
Talvez seja
imaturidade ou falta de visão, talvez eu não
esteja
entendendo as gloriosas conquistas.
que fique
sem saber o quão árduo é tentar lhe entender.
Não sei se
você é indiferente ou se é simplesmente a maneira
de amar esta
humanidade alienada.
De uma coisa
tenho certeza, pode acreditar; esta é a assertiva
desta
individualidade tola.
Desejo,
portanto, sou; logo, não me venha com menos resposta
quando o que
eu mais quero é o grito que assalta a dor da inconveniente
distância.
H.
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