O que o tempo diz
A Eduardo Galeano
Se somos os
pés e a boca do tempo,
Se realmente
caminhamos com os nossos pés,
Que o tempo
seja então movimento constante,
Que o nosso
tempo então vislumbre travessias ignoradas.
A boca em
palavras doces ou rudes, as palavras em bocas doces ou rudes,
os passos
sempre atentos ao descobrir.
Na travessia
que o vento rege, são os pés que vigiam o novo;
Cansados ou
fortes, sujos ou limpos, grande é sempre a descoberta!
Pés que
testemunham a indigência humana,
Passos que
contemplam a fluência do múltiplo.
São os
movimentos do tempo que não se acovardam diante da viagem-vida.
Bocas em
inquietações necessárias para dizer o que o vento não pode:
Dizem o
humano e seu vasto domínio de narrativas infinitas:
Gritam onde
há incoerências ou volúpias, gritam por nada ou por tudo:
Confessam,
até mesmo no silêncio, que não se pode silenciar a vida em movimento!
Travessia do
tudo e do nada, jornada do tempo invisível e cruel.
Pés e bocas devem
contar mais do que a viagem, mais do que uma viagem!
Pés de bocas
e bocas de pés inquietos e prontos perante o que o tempo diz.
HSBRUSH
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