terça-feira, 14 de agosto de 2012


O que o tempo diz
A Eduardo Galeano

Se somos os pés e a boca do tempo,
Se realmente caminhamos com os nossos pés,
Que o tempo seja então movimento constante,
Que o nosso tempo então vislumbre travessias ignoradas.
A boca em palavras doces ou rudes, as palavras em bocas doces ou rudes,
os passos sempre atentos ao descobrir.

Na travessia que o vento rege, são os pés que vigiam o novo;
Cansados ou fortes, sujos ou limpos, grande é sempre a descoberta!
Pés que testemunham a indigência humana,
Passos que contemplam a fluência do múltiplo.
São os movimentos do tempo que não se acovardam diante da viagem-vida.    

Bocas em inquietações necessárias para dizer o que o vento não pode:
Dizem o humano e seu vasto domínio de narrativas infinitas:
Gritam onde há incoerências ou volúpias, gritam por nada ou por tudo:
Confessam, até mesmo no silêncio, que não se pode silenciar a vida em movimento!

Travessia do tudo e do nada, jornada do tempo invisível e cruel.
Pés e bocas devem contar mais do que a viagem, mais do que uma viagem!
Pés de bocas e bocas de pés inquietos e prontos perante o que o tempo diz.

HSBRUSH

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