Eles estão aumentando cada dia mais, e o mais curioso é que não se trata de um evento de planejamento conjunto: o poder desse grupo está na ausência de metas, em uma estranha passividade evolutiva. É um fenômeno raro, mas potente, fenômeno que agrega milhares de mentes em todo mundo. Nesse grupo, não importam as diferenças culturais, religiosas, acadêmicas; estão todos nivelados por maneiras de agir que permitem uma identificação. Repito: às vezes não é fácil. Efeito dos novos tempos? (globalização, vazio ético, falta de escuta e abertura à diferença, culto ao corpo e ao prazer, interesse exagerado por futilidades) Provável. Devo acrescentar, contudo, que os SN sempre existiram, a história nos oferece testemunho disso. O ponto mais instigante de nossos dias não é sua existência, mas sua invisível e exorbitante expansão. A consequência disso são efeitos assustadoramente observáveis nos mais variados contextos. Alguns exemplos genéricos bastam, o resto é reflexão. A lista é enorme, por isso a economia.
Mães que mal conseguem cuidar de um filho e querem ter um time de futebol.
Pessoas que dão mais valor a futilidades que aos amigos e aos amores. Geralmente, aquelas que nunca têm tempo para as coisas maravilhosas, mas sempre têm tempo para as futilidades.
Gente que não pensa no futuro; gente que só pensa no futuro e não vive o melhor do presente.
Adultos de 30, 40 ou mais que ainda se comportam como adolescentes irresponsáveis.
Gente doente que se recusa a se tratar. Mesmo podendo, mesmo tendo condições! A desculpa mais esquisita: eu não gosto de médico! Morre então infeliz!
Pessoas que preferem esquecer a dor e não aprender com elas. Pessoas que só querem esquecer, pessoas que não recordam os verdadeiros bons momentos.
Homens e mulheres que não cultivam valores.
Homens e mulheres que só cuidam da mente; homens e mulheres que só cuidam do corpo.
Gente que só pensa em ganhar dinheiro. Gente que não quer ganhar dinheiro (claro que há casos e casos).
Orantes que contemplam a Deus no Céu e não enxergam o irmão ao lado.
Pessoas que não olham para cima, para baixo e, principalmente, para o lado.
Homens e mulheres que não buscam entender.
Sabem qual é o problema? Tudo isso é visto com naturalidade. Quando nossa capacidade de estranhamento diante do “sem noção” (agora de maneira correta, por favor) for atingida, então estaremos a meio caminho da adesão. Ausência de estranhamento é forte sintoma de uma integração imperceptível ao grupo dos SN. E o que fazer? Aderir ou rejeitar? Parece que os SN estão vencendo (ou já venceram?) e o sentimento de progresso humano deixa de ser unanimidade. Seria este autor um SN em afirmar isso?
Hudson dos Santos Barros
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